domingo, 1 de janeiro de 2012

Leite em saquinho é o mais procurado em supermercados





A adulteração do leite longa-vida no estado de Minas Gerais e sua repercussão nos meios de comunicação do país deixaram os consumidores mais atentos em relação ao produto. De acordo com supermercados de Santa Cruz do Rio Pardo, houve aumento na procura pelo leite de saquinho após o caso envolvendo o setor de laticínios. Para Lourival Botelho, dono dos supermercados São Sebastião, o aumento é evidente. “Aumentou em torno de 20%, embora considere que o consumo de leite em geral caiu. O pessoal ficou com receio e abandonou o longa-vida”, conta.
Segundo Lourival, o leite de saquinho se diferencia do longa-vida em termos de período de consumo. “O leite de saquinho é o mais natural possível, com durabilidade menor. Já o de caixinha é esterilizado e, fervido a 145ºC, pode ficar até seis meses dentro da caixinha. É mais durável. No nosso caso, o leite de saquinho é para ser consumido em cinco dias”, diz. Botelho aponta também que o preço do longa-vida voltou a subir. “O leite de caixinha está subindo. O tipo A integral custa R$ 1,37 e vem aumentando. Já o de saquinho custa R$ 1,30 e está estável”, explica.
O gerente do supermercado São Judas Tadeu, Nilton Carlos Martins, também notou maior procura pelo produto. “Acho que, com tudo isso que aconteceu, a procura pelo leite de saquinho parece ter aumentado”, relata. Entretanto, na última terça-feira, o gerente informou estar havendo falta do leite em saquinho, o que não teria relação com a maior procura pelo item. “Não estamos tendo leite de saquinho, mas não é por causa da procura, pelo menos por enquanto. É o preço. Os dois produtos — de caixinha e saquinho — estavam no mesmo valor há alguns meses”, lembra o gerente. Segundo ele, há algum tempo o leite de saquinho custava R$ 1,45 e o longa-vida, R$ 1,50.
De acordo com Edson Pivetta, que trabalha no setor de transportes do supermercado São Miguel, no bairro da Estação, o aumento na procura pelo leite de saquinho é considerável. Ele estima que a expansão ficou na ordem de 15%. “Aumentaram bem as vendas do leite de saquinho. Dá para notar que aquele cliente que levava um litro de leite por dia, agora está levando dois ou até três litros. O consumidor não fica sem leite em casa”, observa. Segundo Pivetta, mesmo a repercussão do caso na imprensa não causou diminuição considerável na venda do item básico da alimentação. “Não diminuiu o consumo de jeito nenhum”, enfatiza.
Normal
— Na visão de Edeval Gabriel, proprietário do supermercado Itaipu, a maior procura pelo leite em embalagem plástica ocorreu apenas nos primeiros dias em que as denúncias sobre a adulteração do produto em Minas Gerais chegaram ao conhecimento público. “Nos primeiros dias houve aumento da procura pelo de saquinho, mas agora já normalizou. No nosso caso, a procura está a mesma”, afirma. “O pessoal tem comprado e não há reclamação”, reforça.
A diretora da Divisão de Vigilância Sanitária de Ourinhos, Maria Alice Mei, explicou que os lotes de leite longa-vida distribuídos em Santa Cruz do Rio Pardo e Ourinhos estão dentro dos padrões até o presente momento, não havendo motivo para alarde. “A população pode ficar tranqüila em relação ao consumo”, pondera. Mei recomenda que o consumidor observe a validade e as condições do produto. “Se as caixas estiverem amassadas ou afundadas, o produto deve ser evitado e o responsável pelo mercado, avisado. O condicionamento precisa ser adequado, em local fresco e não exposto ao sol, tanto no supermercado como em casa”, orienta. A reportagem procurou o setor da Vigilância de Santa Cruz do Rio Pardo, mas um atendente se recusou a dar informações caso as mesmas não fossem previamente enviadas à assessoria de imprensa da prefeitura, por ordem do prefeito.
Adulteração — A polêmica no setor de laticínio começou no dia 22 de outubro, quando a Polícia Federal realizou uma operação que prendeu pessoas relacionadas a um esquema de adulteração do leite longa-vida. Segundo as primeiras informações, os produtos fabricados nos municípios mineiros de Passos e Uberaba eram misturados com soda cáustica e água oxigenada. Prática ilegal, a adição dos dois produtos ao leite torna o processo de industrialização mais barato. A água oxigenada esteriliza os microorganismos presentes em excesso no leite. O exigido para preservar a qualidade no leite nesse caso é a refrigeração. Já a soda cáustica age no combate à acidez do produto, ao dar a impressão de que o leite está livre de quaisquer impurezas.

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