sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Atmosfera modificada para laticínios





O crescimento de microrganismos e a oxidação são as causas principais da deterioração da qualidade em produtos lácteos. O tipo de decomposição depende das características de um determinado produto. Por exemplo, os queijos duros, com atividade de água relativamente baixa, são normalmente afetados pelo crescimento de fungos, enquanto que os produtos com alta atividade de água, como os queijos moles e cremosos, são mais suscetíveis à fermentação e à oxidação.

O gás mais utilizado em embalagens de produtos lácteos é o dióxido de carbono, pois inibe ou reduz a atividade microbiológica e a rancidez oxidativa. No caso específico de empacotamento do leite em pó, torna-se indispensável retirar o oxigênio da embalagem, inertizando com nitrogênio, evitando a oxidação. Além disso, o nitrogênio substitui o dióxido de carbono em embalagens que contêm produtos que azedam facilmente, tais como chantilly e creme de leite.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

PRODUÇÃO DE LEITA A PASTO


O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, com cerca de 160 milhões de cabeça, sendo que deste efetivo, cerca de 34 milhões são de animais destinados à produção de leite (14, 7 milhões de vacas em lactação e secas), que, por ano, produzem cerca de 19 bilhões de litros, com uma média de 4,9 kg/vaca/dia, supondo uma lactação de 270 dias de duração (ANUALPEC, 1999/2001). Possuidor da maior área agricultável e do maior reservatório de água doce do mundo, o Brasil possui ainda topografia e condições edafo-climáticas variadas e excelente luminosidade, o que lhe confere condições favoráveis de produzir pasto e forragem conservada, permitindo o aumento do rebanho e de produção de leite de qualidade. Devido a essas riquezas naturais, que garantem alto potencial de crescimento da sua produção (5% ao ano, número que raríssimos países podem ostentar), o Brasil tem uma posição chave no cenário futuro da pecuária de leite mundial. Estudiosos mencionam que o Brasil, ao lado da Argentina, Nova Zelândia e sul da Austrália, serão as quatro maiores regiões produtoras de leite do planeta (TORTUGA, 2003). Nesse sentido, Benedetti (2002) reporta que um modelo de produção dando ênfase à utilização de forrageiras tropicais, somando à interação genótipo-ambiente do rebanho leiteiro, poder-se-ia contemplar uma média em torno de 10 kg de leite/vaca/dia, com qualidade e competitividade, gerando excedente para exportação, superior a qualquer país do mundo. Neste modelo, o principal objetivo é a redução de custos de produção aliado ao aumento da produtividade animal para aferir maiores margens de lucro, sendo que a pastagem fornece toda a alimentação volumosa durante o período chuvoso e para o período da seca são utilizadas diversas formas de suplementação, em nível de cocho, principalmente a cana-de-açúcar corrigida com uréia e silagens de capim elefante e milho.

Um sistema de produção de leite a pasto racionalmente conduzido torna a atividade leiteira competitiva, uma vez que eleva a disponibilidade de forragem e permite sua utilização de forma mais eficiente pelo rebanho leiteiro, visto que diversas pesquisas estimam que entre 50 a 80% das pastagens são perdidas pelos mais diversos fatores, principalmente, pelas características vegetativas das plantas tropicais, que apresentam crescimento rápido e amadurecimento precoce. Além disso, o alimento mais barato que se pode produzir para ofertar ao rebanho leiteiro é a pastagem manejada intensivamente, que apresenta um custo entre 2,0 a 5,2 vezes menores que outros alimentos, como podemos observar na Tabela 1:

Tabela 1: Custos de produção de diferentes alimentos volumosos usados nas fazendas leiteiras do Brasil.

Alimento Volumoso
Produção estimada
ton. MS/ha/ano
R$
t. MO
R$
t. MS
Pastagem intensiva
30
3,60
18,00
Cana + uréia
25
9,20
37,00
Silagem de capim elefante
40
11,00
40,00
Silagem de girassol
12
19,00
64,00
Silagem de sorgo
18
21,00
64,00
Silagem de milho
15
24,00
68,00
Fenos de gramíneas
17
80,00
94,00

Fonte: Aguiar e Almeida (1998)

A partir de diversos trabalhos de pesquisa publicados, observa-se que as condições ambientais brasileiras permitem a exploração de leite a pasto o ano inteiro, além de permitir a exploração de alto potencial de produção das plantas forrageiras quando manejadas corretamente, sendo que a utilização de pastagens tropicais manejadas intensivamente tem um potencial de fornecimento de nutrientes para produções próximas de 12 kg de leite/vaca/dia sem o uso de rações concentradas, o que resulta em um baixo custo de produção e faz com que as pastagens tornem-se um recurso natural que possibilita alta competitividade no uso da terra. Considerando que o potencial médio das pastagens tropicais seja de apenas 8 kg de leite/dia, observa-se que o manejo intensivo da pastagem pode aumentar em 50% a produção de leite/vaca. Entretanto, são vários os fatores que condicionam a produção de leite em uma pastagem. Dentre eles podem se destacar a aptidão leiteira da vaca, a qualidade do pasto, a disponibilidade de pasto (oferta de forragem), o rendimento forrageiro da pastagem (capacidade de suporte), o sistema de pastejo e a suplementação da pastagem.

Para Benedetti (2002), um programa de produção de leite a pasto deve permitir que os produtores de leite passem a utilizar, com máxima eficiência, os recursos disponíveis da fazenda. Para tanto, deve-se levar em consideração a distinção de dois fatores no processo produtivo: os vitais e os importantes. Os vitais são aqueles que serão contemplados com a máxima prioridade e compreendem:
· Locação e adequação de água de bebida;
· Sub divisão das pastagens;
· Manejo das pastagens ;
· Estratégias de reserva de alimentos para o período seco;
· Controle zoosanitário do rebanho;
· Registros e controles da atividade;
· Manejo do esterco;
· Sombreamento das pastagens.

Os fatores importantes compreendem tecnologias que devem ser implantadas na propriedade após a contemplação integral dos fatores vitais. São eles:
· Análise e correção do solo;
· Adubação de pastagens com adubos solúveis e orgânicos;
· Conservação do solo;
· Escolha de forrageiras;
· Melhoramento animal – interação genótipo:ambiente;
· Prática de irrigação em épocas estratégicas.

A água representa o principal alimento para o rebanho leiteiro e sua importância está diretamente relacionada com o aproveitamento da pastagem oferecida, visto que quanto maior for a distância entre a pastagem e o bebedouro, menor será o aproveitamento da forragem. Em pastos com áreas menores, onde a fonte de água fica mais próxima para os animais, é mais fácil se conseguir pastejo uniforme.

O desempenho de vacas leiteiras na pastagem é função da ingestão de forragem, do valor nutritivo da forrageira e do potencial genético do animal. Sob regime de pastejo, o consumo de forragem é afetado pela altura da forragem, pela relação folha-haste, pela densidade volumétrica da forragem, pela disponibilidade de pasto e pela ingestão de água.

Numa condição de sub pastejo tem-se uma máxima produção de leite por animal, entretanto a produção por área é menor, devido à sub utilização da área. Por outro lado, o super pastejo leva a uma situação inversa, pois há uma menor disponibilidade de forragem por animal, ocorrendo uma menor seleção do relvado, um menor consumo e conseqüentemente uma queda na produção por animal. A oferta de forragem deve variar ao longo do ano, procurando equilibrar a oferta e a demanda de nutrientes para o animal, e evitar períodos de super e subpastejos que comprometam a persistência e a qualidade da pastagem (ASSIS, 1997). Assim, para alcançarmos uma boa produção de leite/ha/ano torna-se necessário um eficiente aproveitamento da forragem produzida, principalmente durante as estações primavera/verão, onde as condições climáticas favorecem a produção máxima de matéria seca pela plantas forrageiras. Esta eficiência se torna mais fácil de ser conseguida, quando adotamos um sistema de pastejo adequado para a propriedade. Para Rodrigues & Reis (1997), um sistema de pastejo ideal é aquele que permite maximizar a produção animal sem afetar a persistência da planta forrageira e constitui uma combinação definida e integrada do animal, da planta, do solo e do clima. Basicamente, são utilizados dois sistemas de pastejo no Brasil: o de lotação contínua e o de lotação rotacionada.

O pastejo de lotação contínua se caracteriza pela utilização da pastagem sem descanso durante todo o ano, ou durante várias estações, podendo ser com um número de animais fixo ou variável ao longo do ano, de acordo com a disponibilidade de forragem. Deve ser utilizado quando a propriedade possui pastagens formadas por forrageiras de porte baixo, estoloníferas ou semi-prostradas, como a maioria das plantas Brachiaria spp (decumbens, humidicola, ruziziensis, etc) e Cynodon spp (grama estrela, coast cross, tifton 85, etc), e não são utilizadas de forma intensiva, ou seja, não exploram a máxima eficiência dessas forrageiras, e onde a capacidade de suporte não passa de 1,5 UA/ha. É importante lembrar que o controle da disponibilidade de forragem é imprescindível para que não haja ocorrência de sub ou super pastejo, prejudicando assim o desempenho da planta forrageira.

No pastejo de lotação rotacionada, a pastagem é subdividida em um número variável de piquetes, que são utilizados um após o outro, podendo ser também com carga fixa ou variável. É baseado no princípio de que um período de descanso favorece a produção de forragem, permitindo o desenvolvimento de raízes, perfilhos e reservas orgânicas. Neste sentido, Maraschin (1986) reporta que o pastejo de lotação rotacionada deve ser adotado para plantas que necessitam de um período de descanso para acumular e recuperar as reservas orgânicas, para permitir a regeneração da pastagem sem a interferência do animal e prevenir a eliminação das espécies que são mais aceita pelos animais. Assim, as gramíneas cespitosas de intenso perfilhamento e que apresentam precoce alongamento de caule e rápida elevação de meristema apical, como as forrageiras das espécies Panicum maximum (colonião, tanzânia, mombaça) e Pennisetum purpureum (capim elefante), são melhores adaptadas a este sistema. Além disso, este sistema é indicado para as propriedades que adotam a exploração intensiva da pastagem para produção de leite, de qualquer espécie forrageira, através da adoção de tecnologias como a correção e adubação dos solos e a utilização de irrigação da pastagem, permitindo que o nível de produção de forragem seja alto e, conseqüentemente, as taxas de lotação sejam superiores a 2,0 UA/ha, pois é possível controlar o nível de desfolha e evitar o consumo da rebrota que ocorre em poucas horas após a desfolha, impedindo a redução do vigor da rebrota. Normalmente, a adoção do sistema de pastejo de lotação rotacionada permite alcançar um aumento na lotação animal que varia de 25 a 100%, devido basicamente ao aumento da eficiência da colheita da forragem pelos animais e à uniformidade de pastejo (Aguiar, 2003). Para Benedetti (2002), este sistema de manejo de pastagens permite, além de um manejo mais fácil, uma maior oferta de matéria seca, uma menor seletividade animal, aumento da disponibilidade de folhas em relação às hastes, maior consumo de matéria seca, uma vez que a planta apresentando altura ideal e densidade de cobertura do solo, o animal se saciará mais rapidamente, diminuindo o tempo de ruminação, o que ocasiona menor gasto de energia do animal e aumenta a eficiência da alimentação, com maior produtividade.

A determinação da quantidade de forragem disponível em cada piquete no sistema de pastejo com lotação rotacionada, que define a capacidade de suporte da área, pode ser feita por dois métodos. O primeiro, chamado de direto, é realizado através da pesagem da forragem existente, com posteriores cálculos matemáticos, que define o número mais preciso de lotação da área. Normalmente é mais utilizado por médios e grandes produtores. No sistema indireto, por sua vez, esse cálculo é obtido apenas com a medição da altura do capim e a consulta a uma tabela (Tabela 2) que, conforme os dados apurados, indicam quantos e quando os animais devem entrar e sair de determinado piquete, a fim de que façam um bom proveito e não prejudiquem o desenvolvimento da planta. Vem sendo mais utilizado, principalmente, pelos pequenos produtores, pela facilidade de aplicação.

O período de ocupação do piquete corresponde ao período de permanência dos animais no piquete. Ele vai depender do ritmo de crescimento das plantas forrageiras e da estrutura disponível. Deve ser mais curto (01 dia de ocupação) apenas em sistemas de uso intensivo da pastagem, podendo chegar até a uma semana, em áreas mais extensivas. Quanto menor for o período de ocupação da pastagem, maior será o controle do homem sobre o pasto.

O período de descanso é o tempo necessário para a planta voltar a crescer e está em função da espécie forrageira. Os perfilhos das plantas forrageiras mantêm um número relativamente constante de folhas e, após ser atingido esse número, sempre que surgir uma folha nova a mais velha irá desaparecer. Assim, o período de descanso é variável porque o ritmo de crescimento da planta sofre influência das condições ambientais, tais como, temperatura, luz, presença de nutrientes e água no solo. Ele deve coincidir com a maturação da última folha lançada pelo perfilho. Na Tabela 2 encontramos os períodos de descanso sugeridos para as diversas forrageiras tropicais. Observa-se que existe uma amplitude, que está em função da estação do ano: uma espécie forrageira deve apresentar período de descanso mais curto na primavera, quando o tamanho do dia (fotoperíodo) é crescente, as chuvas são normais e está havendo mineralização orgânica do solo que fornece nutrientes para a planta ou se está aplicando adubos; no verão, pode ser usado o período de descanso intermediário sugerido na tabela; no outono, quando aquelas condições ambientais já não são tão favoráveis, deve ser utilizado o maior período de descanso; e no inverno este período pode ser o dobro dos períodos sugeridos. Esta variação objetiva respeitar o ritmo de crescimento da forrageira e o de manter uma mesma cobertura de pasto antes e após o pastejo ao longo do ano. A altura do resíduo pós-pastejo, que representa a quantidade de forragem que fica no pasto após a saída dos animais, também é variada em função dos mesmos fatores ambientais comentados acima e da forma de exploração da planta forrageira. Resíduos mais baixos devem ser utilizados em sistemas com altos níveis de adubação, para permitir a penetração de luz na base da touceira como forma de estimular o perfilhamento basal, e mais altos em sistemas sem adubação ou com baixos níveis de fertilizantes, para causar menos stress à planta já que as condições de rebrota não são tão favoráveis (Aguiar, 1998).

Tabela 2: Período de descanso, altura de entrada, altura de resíduo no início do período chuvoso e resíduo médio durante o ano de algumas gramíneas forrageiras.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ECONOMIA BRASILEITA

A economia do Brasil tem um mercado livre e exportador. Medido por paridade de poder de compra, seu produto interno bruto é próximo de 2,5 trilhões de dólares (R$ 3, 674 964 trilhões),[14] fazendo-lhe a sétima maior economia do mundo em 2010 segundo o FMI[15], e o Banco Mundial [16], e a segunda maior do continente americano, atrás apenas dos Estados Unidos.
A economia brasileira é uma das que mais tem crescido no mundo. Sua "velocidade" atual é de 7 vezes mais a dos Estados Unidos da América. De acordo com a Goldman Sachs, a economia brasileira deve se tornar a quarta maior do mundo por volta de 2050. [17]. Em contra partida, segundo a consultoria britânica Economist Inteligence Unit, o Brasil obterá a 4ª maior economia do mundo aproximadamente em 2030, mais ou menos no ano de 2027 quando ultrapassar a economia japonesa. Assim, segundo esta estatística, o Brasil ficará atrás, apenas, da Índia, Estados Unidos e China, respectivamente.
O Brasil é membro de diversas organizações econômicas, como o Mercosul, a UNASUL, o G8+5, o G20 e o Grupo de Cairns. Seu número de parceiros comerciais é na ordem das centenas, com 60% das exportações principalmente de produtos manufaturados e semimanufaturados.[18] Os principais parceiros comerciais do Brasil em 2008 foram: Mercosul e América Latina (25,9% do comércio), União Europeia (23,4%), Ásia (18,9%), Estados Unidos (14,0%) e outros (17,8%).[19]
Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil foi o país que mais melhorou em competitividade em 2009, ganhando oito posições entre outros países, superando a Rússia pela primeira vez e fechando parcialmente a diferença de competitividade com a Índia e a China, as economias BRIC. Importantes passos dados desde a década de 1990 para a sustentabilidade fiscal, bem como as medidas tomadas para liberalizar e abrir a economia, impulsionaram significativamente os fundamentos do país em matéria de competitividade, proporcionando um melhor ambiente para o desenvolvimento do setor privado.[20]
Proprietário de um sofisticado setor tecnológico, o Brasil desenvolve projetos que vão desde submarinos a aeronaves (a Embraer é a terceira maior empresa que produz aviões no mundo)[21] e está envolvido na pesquisa espacial: o país possui um centro de lançamento de satélites e foi o único país do Hemisfério Sul a integrar a equipe responsável pela construção do Estação Espacial Internacional (EEI).[22] É também o pioneiro em muitos outros campos econômicos, incluindo a produção de etanol.
De acordo com a Associação Mundial do Aço, o Brasil foi o nono maior produtor de aço no mundo em 2009, tendo estado sempre entre os dez primeiros nos últimos anos. [23]
O Brasil, juntamente com o México, tem estado na vanguarda do fenômeno das multinacionais latino-americanas, que, graças à tecnologia superior e organização, têm virado sucesso mundial. Essas multinacionais têm feito essa transição, investindo maciçamente no exterior, na região e fora dela, e assim realizando uma parcela crescente de suas receitas a nível internacional.[20]
O Brasil também é pioneiro nos campos da pesquisa de petróleo em águas profundas, de onde 73% de suas reservas são extraídas.[18] De acordo com estatísticas do governo, o Brasil foi o primeiro país capitalista a reunir as dez maiores empresas montadoras de automóvel em seu território nacional.[18]
Com um grau de desigualdade ainda grande, a economia brasileira tem se tornado uma das maiores do mundo. De acordo com a lista de bilionários da revista Forbes de 2011, o Brasil é o oitavo país do mundo em número de bilionários, à frente inclusive do Japão, com um número bastante superior aos dos demais países latino americanos.[24]

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Descoberta de fraude em setor lacteo em MG.

 




A interdição das cooperativas mineiras Coopervale, de Uberlândia, e Casmil, de Passos, deverá impactar as vendas do setor de lácteos em Minas Gerais. Algumas indústrias reconhecem que a credibilidade junto aos consumidores foi afetada depois que a Polícia Federal descobriu que as duas adulteravam o leite.

O presidente da Associação Brasileira do Leite Longa Vida (ABLV), Wellington Braga, reconhece que pode haver queda de consumo. Ele, que também é presidente da cooperativa Ibituruna, de Governador Valadares, disse que o telefone de atendimento aos consumidores da entidade registra um elevado número de chamadas com pedidos de esclarecimento sobre a procedência do leite utilizado.

O diretor-executivo da ABVL, Nilson Muniz, afirmou que não houve alteração nas vendas de leite. "Esse episódio não reflete o que é o setor de leite longa vida", disse.

Para o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, "é possível que [as fraudes venham a dificultar as vendas" de leite porque o consumidor fica receoso. Mas disse que "é pouco provável" que as cooperativas acusadas tenham fornecido leite para regiões fora de Minas Gerais. "A captação delas representa 0,5% dos 26 bilhões de litro de leite que o Brasil produz por ano".

A Parmalat, que comprava leite das duas cooperativas, as descrendenciou como fornecedoras após o episódio. E informou ontem, por meio de sua assessoria que "não houve reflexo comercial".

Também por meio da assessoria de comunicação, o Carrefour informou que as acusações de fraudes no leite "não afetaram em nada as vendas" em sua lojas.

Em Minas, o presidente da cooperativa Cemil, João Bosco Ferreira, prevê perdas. Com sede em Patos de Minas, a Cemil informou que não compra leite de terceiros. A preocupação espalhou-se por Minas Gerais ontem. No Procon de Belo Horizonte, ontem foi um dia cheio. Muitos consumidores procuraram o órgão de defesa querendo informações sobre as marcas que estão sob risco. O Procon informa que não pode tomar providências, como pedir a retirada do produto das gôndolas, sem dados conclusivos de que o leite contaminado chegou ao município.

Para o secretário estadual da Agricultura, Gilman Viana, o consumidor poderá diminuir a compra de leite longa vida. Ele afirma, porém, que será apenas uma "leve flutuação" e diz que não acredita em quedas significativas.

A Polícia Federal, na operação Ouro Branco, interditou as cooperativas mineiras sob a acusação de que adicionaram soda cáustica e água oxigenada no leite. A suspeita é de que os químicos tenham sido acrescentados para garantir o aumento do prazo de validade. O Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg) informou que as duas cooperativas interditadas não fazem parte do quadro de associados. Minas é responsável por 30% da captação de leite do país.

A prefeitura de Pouso Alegre, que comprava 688 litros de leite por dia da Casmil para merenda escolar, informou que entrará com ação judicial contra a cooperativa de Passos. Vai também pedir indenização pelo estoque de leite que foi descartado após a denúnica. Ao menos uma creche municipal, que atende 150 crianças já relatou problemas recentes. Em agosto, 22 crianças do bercário tiveram diarréia por três dias. A suspeita é de que o episódio tenha relação com a contaminação do leite.

O diretor da Casmil, Evandro Freire Lemos, tem alegado que a soda cáustica e a água sanitária era utilizada apenas para lavar tanques e caminhões. Segundo ele, a explicação mais plausível é de que um funcionário não tenha enxaguado direito os tanques. As comissões de Agricultura e de Defesa do Consumidor da Câmara aprovaram ontem a realização de audiência pública para tratar do esquema de fraude no leite descoberto pela Polícia Federal. Serão convidados representantes da PF, do Ministério da Agricultura, da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). Os deputados querem antecipar-se a uma nova rodada de análises em curso nos laboratórios do ministério que podem resultar na denúncia de envolvimento de novas indústrias e laticínios.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Carne de porco pode invadir mercado paulista em 2012

O estado, que produz 280 mil toneladas de suínos anuais com um consumo de 700 mil toneladas, deve receber quase 100 mil toneladas a mais do produto – São Paulo

São Paulo deve absorver quase 100 mil toneladas a mais de carne suína este ano, vindas de estados como o Rio Grande do Sul, que aprovou ontem (1) a prorrogação da isenção de impostos aos suinocultores. Com isso, a guerra fiscal entre os estados e os efeitos do embargo russo ampliam ainda mais os prejuízos do setor.

O estado paulista que consome aproximadamente 700 mil toneladas de suínos por ano, ou seja, 16,5 quilos por pessoa, começa a ser invadido pelo excesso de carnes destes animais vindos de outros estados. A produção paulista está em torno de 280 mil toneladas. A expectativa do presidente da Associação Paulista da Cadeia Suinícola (APCS), Valdomiro Ferreira Júnior, é que São Paulo receba 520 mil toneladas este ano. “Estamos sofrendo a pressão dos outros estados que despejam suínos aqui mais baratos. Eles possuem uma grande produção de grãos mais baratos. Além disso, ainda são isentos de impostos. Isso gera uma concorrência desleal”, afirmou.

Com o maior custo de produção de suínos entre os estados brasileiros, São Paulo, que já abate animais mais magros, iniciou o abate de matrizes, fato que pode gerar um forte desequilíbrio no mercado. O quilo do suíno ao produtor está em média R$ 2,35, sendo que o custo de produção ultrapassa a casa dos R$ 3,7 por quilo. “A situação no estado é extremamente preocupante, pois nosso maior problema, além do embargo russo, é o custo elevado de produção. Estamos perdendo em média R$ 60 por animal abatido”, garantiu Ferreira Júnior.

O milho, que representa 65% dos custos de produção do animal no estado, também alcançou uma alta valorização, fechando em média a R$ 32 a saca de 60 quilos, contra os R$ 19 vistos no mesmo período de 2010. “O que revolta os suinocultores do estado é que muita gente está se beneficiando dessa desgraça, estou saindo agora da rede de supermercados OBA, e na prateleira o lombo estava sendo vendido a R$ 17 o quilo, e o pernil a R$ 12, enquanto o produtor vende o seu suíno a R$ 2,35 o quilo”.

No Rio Grande do Sul o embargo russo às carnes também gerou perdas significativas para o setor. Entretanto, o governo do estado resolveu prorrogar por mais sessenta dias, a partir de 1º de setembro, a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), nas vendas de suínos vivos para fora do estado, e para a carne fresca, resfriada e congelada para dentro do estado. “Essa medida ajudou o produtor a manter a sua produção estável e deu um fôlego a mais para eles”, disse o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador.

Já o Estado do Mato Grosso, além de não contar com ferramentas adequadas para a compra de milho para alimentar os animais, recebeu uma negativa do governo estadual a respeito do pedido de isenção de imposto. Em reunião com os produtores do estado, a Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) pediu para que todos comecem abater os porcos com menos peso, para reduzir em 20% a oferta da carne no estado. “Ele [o governo estadual] afirmou que não poderiam queimar a pequena gordura que tinham [na arrecadação de impostos], e a nossa resposta, foi que se eles não queimarem a gordura, não terão carne”, frisou o diretor-executivo da entidade Custódio Rodrigues.

Para os catarinenses a opção de abater matrizes e diminuir o peso dos animais já não resolve o problema. E para piorar a situação os criadores do estado também não contarão com novas isenções de impostos. Além disso, o setor recebeu a confirmação do embargo russo a mais uma planta de suínos do estado. “A verdade é que temos muita carne no mercado, e soubemos a pouco que mais uma planta foi embargada no estado. Ficaremos com apenas uma planta exportando para a Rússia. Para piorar, não teremos milho suficiente, e nossos custos já são um dos maiores do País”, concluiu Losivânio Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS).